sexta-feira, 11 de julho de 2014

Reflexão do texto: "O modelo dos modelos" de Italo Calvino



Texto: "O modelo dos modelos" - Italo Calvino


Houve na vida do senhor Palomar uma época em que sua regra era esta: primeiro, construir um modelo na mente, o mais perfeito, lógico, geométrico possível; segundo, verificar se tal modelo se adapta aos casos práticos observáveis na experiência; terceiro, proceder às correções necessárias para que modelo e realidade coincidam. [..] Mas se por um instante ele deixava de fixar a harmoniosa figura geométrica desenhada no céu dos modelos ideais, saltava a seus olhos uma paisagem humana em que a monstruosidade e os desastres não eram de todo desaparecidos e as linhas do desenho surgiam deformadas e retorcidas. [...] A regra do senhor Palomar foi aos poucos se modificando: agora já desejava uma grande variedade de modelos, se possível transformáveis uns nos outros segundo um procedimento combinatório, para encontrar aquele que se adaptasse melhor a uma realidade que por sua vez fosse feita de tantas realidades distintas, no tempo e no espaço. [...] Analisando assim as coisas, o modelo dos modelos almejado por Palomar deverá servir para obter modelos transparentes, diáfanos, sutis como teias de aranha; talvez até mesmo para dissolver os modelos, ou até mesmo para dissolver-se a si próprio. 

Neste ponto só restava a Palomar apagar da mente os modelos e os modelos de modelos. Completado também esse passo, eis que ele se depara face a face com a realidade mal padronizável e não homogeneizável, formulando os seus “sins”, os seus “nãos”, os seus “mas”. Para fazer isto, melhor é que a mente permaneça desembaraçada, mobiliada apenas com a memória de fragmentos de experiências e de princípios subentendidos e não demonstráveis. Não é uma linha de conduta da qual possa extrair satisfações especiais, mas é a única que lhe parece praticável.

Reflexão - Por: Marília Soares de Oliveira


Ao refletir sobre o texto “O modelo dos modelos”, na perspectiva do AEE, percebo que há trechos que nos incitam a pensar sobre o que de fato devemos perceber nos nossos alunos: as limitações e/ou as possibilidades? 

Neste sentindo Calvino, deixa subentendido que a prática se faz através do currículo oculto, uma vez que a perfeição não permeia todos os sentidos que aplica-a, até porque devemos saber o que entendemos por perfeição.

O AEE deve ser permeado por práticas inclusivas onde o que é dito perfeito, da espaço ao erro, a construção do acerto. Sendo assim há que se refletir sobre os moldes pré-estabelecidos pela sociedade e entender a funcionalidade de uma verdadeira inclusão.

Portanto, a reflexão de Calvino, mostra que para chegarmos ao dito perfeito/preciso temos que passar pela imperfeição, pela falta de precisão, chegando talvez ao “perfeito social”, até porque, no AEE a perfeição é individual do sujeito para sigo mesmo, da construção e evolução individual pensada a partir de várias estratégias e de uma trabalho a ser realizado a longo prazo com cada indivíduo.




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